A Up! conversou com as apostas femininas para o posto de estrela das paradas musicais no Brasil. Confira Jullie, Lu Alone, Manu Gavassi e as vocalistas das bandas Agnela, CW7, Fake Number, Lipstick e LunaBlu.
Jullie, Lu Alone e Manu Gavassi, além das bandas Agnela, CW7, Fake Number, Lipstick e LunaBlu estão entre as novidades da mais recente safra de cantoras brasileira. Cientes de que vieram para somar e não para competir com os garotos, elas impunham violão e guitarra e acrescentam personalidade à cena. A atitude faz com que conquistem a cada dia apoio e admiração de músicos, arrebatem fãs, e desbanquem qualquer possibilidade de haver a segregação ‘Clube do Bolinha’ X ‘Clube da Luluzinha’.
“Os músicos se tornaram nossos superprotetores, tem todo um cuidado, dão dicas e conselhos”, conta Lu Alone que, em seus primeiros shows, dividiu o palco com nomes como Fresno, NX Zero e Restart. “O Strike sempre me chama para participar do show deles, já cantei com o DH do Cine em uma premiação, estou ajudando o Renne da Hevo84 a compor uma música”, lista a cantora. “Os meninos sempre me tratam com a maior atenção, acho demais ter contato com bandas que estão há tanto tempo nesse mercado. É um aprendizado”, comenta Manu Gavassi.
E quando os garotos estão ali, partilhando com elas o mesmo sonho numa banda, a convivência se revela também amistosa. “Por mais incrível que possa parecer, acho que mulher impõe respeito, o negócio fica mais organizado”, opina o guitarrista da Fake Number, Marcus Maia, que antes compunha a Hy-Fy com mais um homem e duas mulheres. “Os ensaios são cheirosos”, brinca André Mattera, da Fake Number, ao comentar sobre sua experiência de acompanhar anteriormente as garotas da Lipstick em alguns shows por conta da saída da baterista.
Como são todos parentes, os integrantes da CW7 mostram total sintonia. “Temos uma liberdade maior para falar, exigir, cobrar, reclamar, xingar. A gente pode até brigar, mas daqui umas horas já vai estar tudo normal”, revela o guitarrista Pipo Witchoff. “Eu tenho 20 anos, mas a média de idade entre eles, que são todos meus primos, está entre 22 e 24. Então somos família, pensamos de forma parecida e, para completar, sou muito moleca”, conta a vocalista Mia.
Preconceito
Apesar de todas elas terem o apoio de seus colegas de cena, de forma geral, algumas sofrem ainda alguns perrengues, principalmente nas bandas formadas somente por garotas. “Às vezes o preconceito é nítido, mas não existe somente o lado ruim, já fomos tratadas muito bem por sermos mulheres. Boa parte do preconceito, infelizmente, vem até de meninas”, ressalta Déia Cassali, vocalista da Agnela. “Sempre sofremos com isso e hoje em dia não é diferente. Mas e daí? Música é o que gostamos e o que sabemos fazer direito, então vamos em frente levando em conta as pessoas que nos dão valor”, posiciona-se Mel Ravasio, líder da Lipstick.
Situações engraçadas também costumam acontecer por elas serem minoria na música. Elektra, vocalista da Fake Number, revela que já foi barrada no backstage. “Estava num festival e quando fui entrar no camarim o segurança não deixou por achar que eu era fã dos meninos”, lembra. “Na minha gravadora, onde sou praticamente a única garota, meu produtor sempre fala que não está acostumado com maquiagens, arrumação de cabelo. Ele se diverte,” conta Manu Gavassi.
Natural de Belo Horizonte (MG), Lu Alone estourou primeiro por lá e certa vez, ao ser perseguida num shopping da cidade por algumas fãs, a mineirinha acabou convidando-as para irem ao cinema junto com ela e seu grupo de amigas. “O problema é que elas me acompanharam até quando fui ao banheiro,” disse às gargalhadas para a Up!.
“A dificuldade é mais uma questão do público aceitar uma menina no vocal, algo que está começando a mudar”, opina Julie. “Espero que seja o início de algo maior e que possamos impulsionar umas às outras”, diz, otimista. “Acho que tem espaço para tudo e é legal que esteja surgindo esse movimento musical feminino. Ninguém quer substituir ninguém, só complementar o que já está rolando. Na prática, o segredo para deixar de ser apenas uma banda de abertura é se doar, fazer um show empolgante que deixe a sensação de quero mais”, sentenciam João Milliet e Thomas Henne, respectivamente guitarrista e baterista da LunaBlu.
Girl Power
Maduras a ponto de reconhecer todas as facilidades e dificuldades da carreira, elas encaram com otimismo e determinação a possibilidade de galgar maior destaque. E Elektra informa: “Não estamos sós, tem muito mais mulher no mercado do que parece”. “E as cantoras que vieram antes prepararam o terreno para nós”, opina Valentina. “Era uma coisa que faltava na música no Brasil, cantoras para as meninas se identificarem. Acho que temos muito público para isso e está na hora de mostrar um pouco desse ‘girl power’ para os meninos”, brinca Manu Gavassi.
Se elas vieram para ficar, só o tempo realmente vai dizer, mas, segura, Lu Alone manda o recado na primeira estrofe da canção que abre seu cd de estreia, cantado todo em inglês: ‘Quem disse que nós ficamos desenhando borboletas e rosas / Sim, nós fazemos isso, mas nós podemos ser mais coisas / Se você não sabe / Garotas podem fazer rock!’, adverte.
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